Setembro Amarelo e o alerta para o cuidado com as redes sociais e sua métrica de felicidade
As redes sociais chegaram com a promessa de aproximar quem estava longe e junto com a internet, possibilitaram que fosse possível romper fronteiras na comunicação e cultura. Porém, elas também fazem com que muitos baseiem o sucesso e a felicidade em números de curtidas e seguidores, bem como facilitaram ações de preconceito, discriminação e o chamado cyberbullyng.
“Estamos na era digital e o bullying que antes era algo que acontecia dentro da escola e rodas de convívio, ficou ainda pior, porque pode ocorrer de forma contínua, 24 horas em várias redes sociais, podendo ser compartilhado por muitos que viralizam e visualizam como algo comum e inofensivo. O que mudou a nossa forma de nos relacionar de maneira rápida e positiva, também trouxe problemas que muitas vezes passam despercebido”, destaca a psicóloga, Daniela Frassetto.
Segundo ela, com essa nova métrica de comparações e relações, houve um aumento de casos de depressão e de ansiedade. “Há um número maior entre crianças e adolescentes. Segundo um estudo realizado nos Estados Unidos através da escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, que entrevistou 1.787 adultos com idade entre 19 e 32 anos, as pessoas que passam muito tempo em redes sociais tem mais chances de sofrer depressão e como consequência cometeram suicídio por estarem mais vulneráveis e frágeis emocionalmente. Outro estudo realizado no Reino Unido revelou que o compartilhamento de fotos através do Instagram impacta de forma negativa o sono, a autoimagem e o medo que os jovens têm de ficar fora de moda”, explica a profissional.
Vitrine de Felicidade
Um alerta que a psicóloga faz, é para a comparação que as pessoas fazem ao observar as redes do outro. “É preciso lembrar que na grande maioria das vezes, as pessoas publicam apenas as coisas boas de suas vidas, como viagens, idas a bons restaurantes e momentos de festa com os amigos. Isso pode gerar sentimento de frustração, insegurança e até desencadear depressão, ansiedade, frustração e baixa autoestima em indivíduos que não enxergam a sua vida desta maneira e esquecem que a vitrine de felicidade das redes sociais, não reflete a total realidade da vida dessas pessoas”, explica Daniela.
A necessidade de forma exagerada e constante de aprovação virtual fez e faz com que muitas pessoas sintam os efeitos negativos das redes sociais.
Dados que alertam
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens entre 15 e 29 anos no mundo, só perdendo para acidentes de trânsito. No Brasil, é a terceira causa, atrás apenas de acidentes de trânsito e homicídios. “As redes sociais afetam o nosso dia a dia. Elas possibilitam encurtar distâncias e manter por perto amigos que não fazem mais parte da nossa rotina, mas também têm apresentado efeitos nocivos, que afetam radicalmente a vida de muita gente. Além de gatilhos mentais que levam às doenças psíquicas e possíveis ideações e tentativas suicidas, também cresce o número de desafios nas redes sociais que colocam em risco a vida”, destaca a psicóloga, Edinara Lunardi.
Recentemente, um menino catarinense de 13 anos morreu ao inalar desodorante, o intuito era participar de um desafio publicado em uma rede de vídeos.
O cuidado familiar e social
Familiares, amigos e professores devem ficar de olho em alguns sinais que podem indicar que crianças, jovens ou adultos estão com problemas. “É preciso ficar atento a qualquer mudança de padrão de comportamento. Uma pessoa que era sociável, comunicativa, pode começar a ficar mais isolada da família e dos amigos, ficar mais reclusa no quarto, mais calada, mais triste. No caso de crianças e adolescentes, é necessário alertar para os riscos online e também estar atento às interações e atividades realizadas na internet”, lembra Edinara.
Busca por apoio
Um dos principais canais no Brasil, na luta contra o suicídio, é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. O número para contato é o 188, e o site para mais informações é o cvv.org.br. Neste primeiro semestre de 2023, os voluntários do CVV atenderam mais de 1 milhão de ligações, uma média de 7.500 por dia.
Em Urussanga, todas as Unidades de Saúde estão preparadas para receber as pessoas que precisam de auxílio, bem como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I). “Nossos profissionais estão capacitados para atenderem e prestarem as orientações necessárias. A ajuda está disponível. Falar é o melhor remédio”, destaca a Secretária Municipal de Saúde, Ingrid Zanellato. O número de contato do CAPS para maiores informações é o (48) 3465-4282.
Em caso de tentativas de suicídio ou risco iminente, orienta-se buscar o pronto socorro do hospital mais próximo para intervenções.
Por Ana Paula Nesi – Assessora de Comunicação PMU